A Igreja primitiva lutava, como é sabido, contra os 'intelectuais' em benefício dos pobres de espírito; como esperar dela uma guerra inteligente contra as 'paixões'? A Igreja combate as 'paixões' através...
do método da extirpação radical; seu sistema, seu tratamento, é a "castração". Não se pergunta jamais: como, se espiritualiza, embeleza e diviniza um desejo? Em todas as épocas o peso da disciplina foi posto a serviço de extermínio (da sensualidade, do orgulho, do desejo de dominar, de possuir e de vingar-se). Mas atacar a paixão na sua raiz é atacar a raiz da vida; o processo da Igreja é nocivo à vida.
Esse mesmo remédio, a castração, a extirpação, costuma ser empregado instintivamente no combate contra os desejos por aqueles que são demasiado débeis de vontade, demasiado degenerados para poderem por um limite nos desejos, por essas naturezas que têm necessidade de "La Trappe", falando metaforicamente (e mesmo sem metáfora); que necessitam uma declaração de guerra definitiva, um abismo entre eles e a paixão. As condições radicais indispensável só se dão nos degenerados. A fraqueza da vontade ou, exprimindo-se mais claramente, a incapacidade para reagir contra uma sedução, é tão-somente uma outra forma de degeneração. A hostilidade radical, o ódio voltado à morte da sensualidade é um sintoma grave que dá margem para se fazer suposições sobre o estado geral dum ser que atinge esse excesso. Essa inimizade, esse ódio, culminam quando semelhantes naturezas não possuem suficiente firmeza nem para as curas radicais nem para renunciar ao "demônio". Recorra-se a toda a história dos sacerdotes e dos filósofos, incluindo a dos artistas; não são os impotentes, não são os ascetas os que lançam suas setas envenenadas contra os sentidos: são os ascetas impossíveis, os que necessitam ser ascetas.
"O Crepúsculo dos Ídolos" - Nietzsche
Esse mesmo remédio, a castração, a extirpação, costuma ser empregado instintivamente no combate contra os desejos por aqueles que são demasiado débeis de vontade, demasiado degenerados para poderem por um limite nos desejos, por essas naturezas que têm necessidade de "La Trappe", falando metaforicamente (e mesmo sem metáfora); que necessitam uma declaração de guerra definitiva, um abismo entre eles e a paixão. As condições radicais indispensável só se dão nos degenerados. A fraqueza da vontade ou, exprimindo-se mais claramente, a incapacidade para reagir contra uma sedução, é tão-somente uma outra forma de degeneração. A hostilidade radical, o ódio voltado à morte da sensualidade é um sintoma grave que dá margem para se fazer suposições sobre o estado geral dum ser que atinge esse excesso. Essa inimizade, esse ódio, culminam quando semelhantes naturezas não possuem suficiente firmeza nem para as curas radicais nem para renunciar ao "demônio". Recorra-se a toda a história dos sacerdotes e dos filósofos, incluindo a dos artistas; não são os impotentes, não são os ascetas os que lançam suas setas envenenadas contra os sentidos: são os ascetas impossíveis, os que necessitam ser ascetas.
"O Crepúsculo dos Ídolos" - Nietzsche