terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Chomsky e as 10 Estratégias de Manipulação Midiática

O lingüista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:


1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.



O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')”.



2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.



Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.



3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.



Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.



4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.



Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.



5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.



A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.



6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.



Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…



7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.



Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.



8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.



Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…



9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.



Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!



10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.


No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

**** TEXTO ATRIBUÍDO A NOAM CHOMSKI E CIRCULA LIVREMENTE NA INTERNET.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Quem escreveu a Bíblia?

QUEM ESCREVEU A BÍBLIA? Bart D. Ehrman [1]

O livro coloca em cheque duas questões: a) o método histórico-gramatical de exegese bíblica; b) a tese fundamentalista da “inerrância” das escrituras. Em síntese, o conceito de Bíblia como “Palavra de Deus”. E o motivo para derrubar essas duas teses é a “prova das falsificações de autoria”, principalmente no Segundo Testamento. Se os evangelhos ou epístolas foram falsificados, não é possível ler como “Palavra de Deus” como verdade! Nem toda a escritura é inspirada por Deus porque os leitores foram deliberadamente enganados. Entenda-se falsificações de autoria quando alguém escreve, p.ex., fazendo-se passar pelo apóstolo Paulo. Está claro que essa falsificação não pode ser “inspirada”.

Sem entrar em detalhes aqui, o foco não está nos Evangelhos. Ele cita como exemplos clássicos de falsa autoria as epístolas de I e II Pedro, II Tessalonicenses, Efésios, Colossenses, I e II Timóteo e Tito (colocando no mesmo nível daqueles livros que não entraram no cânon pelas mesmas suspeitas).

Os motivos bem conhecidos – para quem tem interesse pela pesquisa – e que colocam em dúvida a autoria das referidas cartas são: vocabulário do verdadeiro autor, estilo, tema, quantidade de palavras, data, local, etc. Determinadas carta foram escritas mais de cinquenta ou cem anos após a morte do suposto autor. Outras cartas se opõe entre si nas instruções aos leitores como se o autor tivesse mudado de ideia no momento seguinte. 

Por esses e outros motivos, o edifício do método histórico-gramatical de exegese bíblica e a inerrância das Escrituras são demolidos definitivamente. Não é possível uma homilia baseada num texto escrito com intuito de enganar os leitores. As diversas tentativas de argumentar que são autores homônimos, que utilizam pseudônimo, que as comunidades editaram os textos, que foi utilizada a “autoridade” do autor ou a mesma escola de pensamento, não se sustentam se feito um exame mais apurado (há vasta e séria literatura).

Sim, foi possível que diversas falsificação de autoria de um livro cristão entrasse na Bíblia. Isso demonstra que o Espírito Santo não esteve envolvido no processo e a Bíblia é um livro totalmente humano. Se na época da formação do atual cânon bíblicos os parâmetros das escolhas não foram tão exigentes por motivos claros, hoje nós temos o desafio – por honestidade cristã - de excluí-los do cânon.


Aroldo da Cruz Lara

Bart Ehrman é norte-americano, PHD e Mestre em Teologia, autor de diversos livros na mesma temática. Sua trajetória começa na igreja congregacional passando pela igreja episcopal. Ele mesmo diz que foi um cristão renascido e fervoroso - até descobrir a verdade.




[1] ERHMAN, BART D. Quem Escreveu a Bíblia? Por que os autores da Bíblia não são quem pensamos que são. Tradução Alexandre Martins. Editora Agir. Rio de Janeiro. 2013.