sábado, 10 de janeiro de 2015

Fundamentalismo, Inquisição e Neurose


Existe uma relação estreita entre fundamentalismo, neurose e psicopatia sob a máscara da religiosidade. E relaciono essa posição extremista ao procedimento dos inquisidores, os quais satisfaziam as suas necessidades reprimidas através da violência, torturas e abusos sexuais.

Como demonstrou a antropóloga Mary Douglas, cada sociedade tem suas próprias ideias sobre o que é e o que não é puro, e desenvolve técnicas para lidar com o que percebe como anômalo. Contudo, essas ideias não predominam quando a sociedade é sã. Quando a limpeza é a principal obsessão, a neurose se instala. A piedade se impõe.”
 
Os efeitos da Santa Inquisição ainda se impõem ao mundo pós-moderno. Os fundamentalistas religiosos buscam a pureza do mundo, isto segundo o seu defeituoso filtro. Ao mesmo tempo demonstram apenas seus desejos reprimidos de violência como militantes.
 
Mais uma vez nos vemos no abismo entre as intenções e os efeitos da Inquisição. Com suas noções de conformidade sexual, a instituição declarava que desejava uma sociedade moralmente pura; porém, como vimos no caso das beatas (...), a sociedade da qual era a guardiã moral estimulava neuroses sexuais que levavam a resultados que eram tudo, menos puros. Havia uma preocupação aparente com a moralidade, mas nenhuma ideia do que isso podia provocar nas emoções íntimas das pessoas. A preocupação obstinada com os detalhes dos casos deixava os investigadores cegos aos sentidos morais e emocionais do inquirido.” 
 
Por outro lado, essas ações fundamentalistas reproduzem e estimulam reações nas vítimas (de igual modo).

A maneira como a ortodoxia religiosa extrema — encorajada pela Inquisição nas sociedades ibéricas — levava diretamente à neurose...”. 

Nós reprimimos nossos instintos de retribuir aos fundamentalistas na mesma moeda incluindo todo e todos aquilo que eles representam: países, raça, religião, rituais, etc. Freud explica.
 
Autor: Aroldo da Cruz Lara.
Fonte: Green, T. INQUISIÇÃO, O Reino do Medo. Editora Objetiva, 385 pg.

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