Existe uma relação estreita entre fundamentalismo,
neurose e psicopatia sob a máscara da religiosidade. E relaciono essa posição
extremista ao procedimento dos inquisidores, os quais satisfaziam as suas
necessidades reprimidas através da violência, torturas e abusos sexuais.
“Como
demonstrou a antropóloga Mary Douglas, cada sociedade tem suas próprias ideias
sobre o que é e o que não é puro, e desenvolve técnicas para lidar com o que
percebe como anômalo. Contudo, essas ideias não predominam quando a sociedade é
sã. Quando a limpeza é a principal obsessão, a neurose se instala. A piedade se
impõe.”
Os efeitos da Santa Inquisição ainda se impõem ao
mundo pós-moderno. Os fundamentalistas religiosos buscam a pureza do mundo,
isto segundo o seu defeituoso filtro. Ao mesmo tempo demonstram apenas seus
desejos reprimidos de violência como militantes.
“Mais uma vez
nos vemos no abismo entre as intenções e os efeitos da Inquisição. Com suas
noções de conformidade sexual, a instituição declarava que desejava uma
sociedade moralmente pura; porém, como vimos no caso das beatas (...), a
sociedade da qual era a guardiã moral estimulava neuroses sexuais que levavam a
resultados que eram tudo, menos puros. Havia uma preocupação aparente com a
moralidade, mas nenhuma ideia do que isso podia provocar nas emoções íntimas
das pessoas. A preocupação obstinada com os detalhes dos casos deixava os
investigadores cegos aos sentidos morais e emocionais do inquirido.”
Por
outro lado, essas ações fundamentalistas reproduzem e estimulam reações nas
vítimas (de igual modo).
“A maneira
como a ortodoxia religiosa extrema — encorajada pela Inquisição nas sociedades
ibéricas — levava diretamente à neurose...”.
Nós reprimimos nossos instintos de retribuir aos
fundamentalistas na mesma moeda incluindo todo e todos aquilo que eles
representam: países, raça, religião, rituais, etc. Freud explica.
Fonte: Green, T. INQUISIÇÃO,
O Reino do Medo. Editora Objetiva, 385 pg.
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