(1)
Há quem pense que “Igreja Anglicana” é uma denominação única. Isso não é
verdade. Há dezenas de denominações anglicanas (ver em:
http://www.anglicansonline.org/communion/nic.html).
A Comunhão Anglicana não é uma denominação, mas, como o nome diz, uma
comunhão. Há igrejas anglicanas (a maioria) que fazem parte dessa
comunhão e outras que não fazem parte. Algumas delas estão ligadas ao
movimento “continuante” e outras ao movimento “confessante”.
(2) Há quem pense que a igreja anglicana foi fundada pelo rei
Henrique VIII, da Inglaterra, em 1534. Isso não é verdade. A igreja
estava presente na Inglaterra desde os primórdios do cristianismo e
florescia entre os povos celtas que ali haviam se estabelecido. No
século VII (664 d.C.), no Sínodo de Whitby, a Igreja da Inglaterra
subordinou-se ao papa e passou a ser a Igreja Romana na Inglaterra,
situação que perdurou até Henrique VIII.
(3) Há quem pense que a igreja anglicana tornou-se “protestante” sob
Henrique VIII. Isso não é verdade. Esse rei, que tinha o título de
“Defensor da Fé”, outorgado pelo papa, apenas assumiu o governo da
igreja; a fé e a prática religiosa continuaram as mesmas. Somente quando
sua filha, Elizabeth I, assumiu o trono é que a igreja anglicana, de
fato, assumiu a teologia protestante, mantendo, porém, a liturgia
histórica, tradicional, consubstanciada no LOC – Livro de Oração Comum,
cuja primeira edição data do Domingo de Pentecostes de 1549, sob os
auspícios do do rei Eduardo VI, também protestante, e do arcebispo de
Cantuária (Canterbury), Thomas Cranmer. Elizabeth instituiu a Via media,
imaginando que a Igreja da Inglaterra poderia servir de ponte entre
Roma e Genebra, ou seja, entre o catolicismo romano e o protestantismo.
(4) Há quem pense que a igreja anglicana é uma igreja católica (no
sentido de “romana”). Isso não é verdade. Católica é toda igreja que
está de acordo com o que é crido e praticado por todas as igrejas em
todos os lugares e em todos os tempos. Quanto a este aspecto, a igreja
anglicana é católica, pois não adota heresias em suas declarações de fé.
Mas não é “romana”, não está sujeita ao papa, nem adota seus
particulares dogmas e práticas: a transubstanciação dos elementos da
eucaristia, oração pelos mortos, celibato obrigatório dos padres,
veneração da virgem Maria e dos santos canonizados, imaculada conceição
de Maria, assunção corporal de Maria ao céu, o sacrifício da missa (a
missa anglicana é um culto), purgatório, infalibilidade do papa, obras
meritórias para a salvação da alma, a tradição com o mesmo valor das
Escrituras Sagradas, e outros.
(5) Há quem pense que as ordens anglicanas não são válidas, em virtude da bula Apostolicae Curae,
de Leão XIII, que, em 1896, declarava: “as ordenações feitas segundo o
rito anglicano são totalmente inválidas e inteiramente vãs”. Isso não é
verdade. O papa só tem autoridade para reconhecer ou deixar de
reconhecer atos e sacramentos de sua igreja, quer dizer, a romana. O que
ocorre no âmbito do anglicanismo não é da competência nem da jurisdição
do bispo de Roma. Houve quem não reconhecesse a validade do apostolado
de Paulo. Sua resposta foi que seu apostolado tinha um selo: aqueles que
o reconheciam (1 Co 9.2-3).
(6) Há quem pense que todos os anglicanos são fissurados pela
“sucessão apóstólica”. Isso não é verdade. Há anglicanos evangelicais
que não dão a mínima para a sucessão apostólica; eles entendem que essas
listas de bispos desde os apóstolos são ficção (algumas delas são
reconhecidamente forjadas) e que não há como comprovar documentalmente a
veracidade de nenhuma delas [ver:
http://wp.me/p6xvX-cd].
(7) Há quem pense que todos os anglicanos são a favor da prática
homossexual. Isso não é verdade. A maioria dos anglicanos é contra essa
prática, tendo-a como antibíblica e abominável.
(8) Há quem pense que todas as igrejas anglicanas ordenam
homossexuais ao ministério. Isso não é verdade. A maioria dos anglicanos
é contra essa prática, tendo-a como antibíblica e abominável.
(9) Há quem pense que todos os anglicanos são contra a ordenação
feminina ao ministério. Isso não é verdade. Há igrejas que ordenam
diaconisas; outras que ordenam diaconisas e presbíteras; e outras que
também ordenam episcopisas (bispas).
(10) Há quem pense que todos os anglicanos são a favor da prática do
aborto. Isso não é verdade. A maioria dos anglicanos é contra essa
prática, tendo-a como antibíblica e abominável.
(11) Há quem pense que todos os anglicanos são a favor das relações
extraconjugais quando os cônjuges concordam entre si com elas. Isso não é
verdade. A maioria dos anglicanos é contra essa prática, tendo-a como
antibíblica e abominável.
(12) Há quem pense que todos os anglicanos são contra o uso das
vestes clericais, inclusive a mitra e o báculo pelos bispos. Isso não é
verdade. A maioria das igrejas anglicanas adota as vestes clericais e
seus bispos usam livremente a mitra, o báculo e outros adereços, como a
cruz peitoral, o anel episcopal, estolas com as cores litúrgicas. Nas
missas também pode haver velas, incenso, procissões, vênias.
(13) Há quem pense que todas as igrejas anglicanas são
anglo-católicas, ou seja, têm práticas devocionais semelhantes à igreja
romana, especialmente a veneração de Maria e a oração “Ave Maria”. Isso
não é verdade. No anglicanismo, há os anglo-católicos, os evangelicais,
os reformados, os carismáticos; há calvinistas, arminianos, liberais,
tradicionalistas, fundamentalistas, tico-tico-no-fubá,
maria-vai-com-as-outras. Muitos evangélicos não entendem como os
anglicanos conseguem conviver pacificamente (nem sempre) com essas
práticas e crenças conflitantes. Esse é o fenômeno da inclusividade,
tolerância que é reflexo da Via media de Elizabeth I.
+Bispo José Moreno
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